Na linha do Equador

*”Na linha do Equador”* Única capital de Estado cortada pela linha do Equador, *Macapá (AP)* serviu como o *primeiro laboratório* para a *comunitarização da segurança pública,* através da Polícia Interativa, na região norte do Brasil. Era junho de 1996, quando ocorria em Porto Alegre (RS) o *”Seminário Cidades saudáveis no 3º milênio”.* Esse espaço temático no qual iríamos palestrar sobre o *Método Interativo de Segurança Cidadã - MISC,* aplicado com sucesso em Guaçuí (ES), seria o *“marco zer

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*”Na linha do Equador”*

Única capital de Estado cortada pela linha do Equador, *Macapá (AP)* serviu como o *primeiro laboratório* para a *comunitarização da segurança pública,* através da Polícia Interativa, na região norte do Brasil.

Era junho de 1996, quando ocorria em Porto Alegre (RS) o *”Seminário Cidades saudáveis no 3º milênio”.* Esse espaço temático no qual iríamos palestrar sobre o *Método Interativo de Segurança Cidadã - MISC,* aplicado com sucesso em Guaçuí (ES), seria o *“marco zero”* da parceria com o Estado amazônico.

Então, a convite do comando da PMAP partimos para a primeira *expedição interativa* nas cálidas terras amapaenses.

Esperavam-me dias de tórrido calor e de enormes desafios. Era preciso ir além na busca de aliados para a expansão da *nova tecnologia social interativa.*

Enquanto isso, nas hostes palacianas, a ideia da *interatividade social ganhava adeptos.* O vice-governador, Antônio Hildegardo Gomes de Alencar *não demoraria a embarcar para o Espírito Santo.*

Ele desceu do avião e foi *direto para a receptiva Guaçuí (ES),* de onde voltou certo de que havia encontrado um *modelo genuinamente nacional* que poderia ser replicado sem dificuldades no Amapá.

No retorno a Vitória (ES), o vice-governador foi recebido pelo então governador capixaba, Vitor Buaiz. Começava ali uma *promissora parceria federativa.*

O desbravamento para a irradiação do modelo de *“Polícia Interativa”* estava começando e o *engajamento de autoridades* tornava-se fundamental para que a inovação desse certo.

Assim, sob a orientação do  governador, foram abertos os portões da *Academia da PMES* para a formação de *alunos-oficiais da PMAP.*

Novamente requisitado, agora pelo Centro de Formação de Recursos Humanos - CEFORH, *rumávamos para Macapá* com a missão de treinar *sargentos, cabos e soldados.*

Na sala de aula estavam *50 militares* que participariam do Curso, mas o *desconforto era geral,* não somente pelo calor, mas pela *descrença* que a *maioria* dos alunos tinham para com o *novo ideário.*

*As coisas não iam bem!*

Sentindo o *emparedamento*, não restou outra opção, senão apelar à Psicóloga do CEFORH, que, incomodada, a tudo assistia.

No segundo dia, as aulas passariam a ser acompanhadas não somente pela Psicóloga, mas, a nosso pedido, também por um *Educador Físico.* O papel desse profissional era, no início do turno, *“alongar e relaxar”* a tropa, além de contar um ou outro *“caso hilário”,* substituindo a forma tradicional, por *descontraídas gargalhadas.*

Tudo começou a mudar quando realizamos a *extroversão do grupo* e alteramos o local das aulas para a *grande choupana aberta da AABB,* em plena franja da floresta urbana de Macapá.

Após alguns dias, por ocasião da *solenidade de conclusão do Curso*, eram aparentes nos olhos dos alunos *emotivas lágrimas e em seus lábios expontâneas declarações: “somos, a partir de hoje uma Polícia Interativa”.*

Foi assim, *acreditando e praticando a interatividade social, que o Amapá, seis anos depois, em 2002, subiu ao pódio por ter se sagrado vice-campeão brasileiro no 1º Concurso Nacional de Polícia Comunitária,* promovido pela Motorola, tendo à sua frente, *apenas e ninguém menos* do que o *Espírito Santo.*

Vitória (ES), 04 de setembro de 2022.

*Julio Cezar Costa é coronel da PMES e Associado Sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública*

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